segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Depressão em idosa era mediunidade reprimida

Em 2005, o Projeto Homospiritualis atendeu uma pessoa idosa com o que podemos chamar de "síndrome da mediunidade reprimida".

Conversando com essa senhora, notamos que ela ficou meio em transe, como se outra pessoa falasse através dela. Era um forte indício de mediunidade de incorporação. Ao voltar daquele estado, dissemos a ela o que haviamos percebido, mas ela comentou que não aceitava a mediunidade por ser católica. Porém, afirmou que não era a primeira vez que lhe falavam sobre isso.

Ela foi convidada para participar de um grupo de formação de médiuns no projeto Homospiritualis. Sugerimos que ela participasse de algumas reuniões e depois avaliasse se gostaria ou não de continuar. Ela ficou de pensar e, cerca de 3 meses depois deste primeiro encontro, procurou-nos dizendo que gostaria de conhecer o grupo e frequentar algumas reuniões.

O trabalho de educação mediúnica do projeto Homospiritualis é chamado de animagogia. E neste trabalho respeitamos as formas com que alguns espíritos se comunicam, entre eles, os "índios" e os "pretos-velhos". Algumas doutrinas religiosas impedem as comunicações destas entidades comunicantes, desestimulando o o médium ao dizer  ser "errado" dar "passagem" para estes espíritos considerados "inferiores" ou "mistificadores". E esta senhora gostou do trabalho e, em pouco tempo, começou a dar passagem a um "preto-velho". Em um dos encontros, o suposto espírito falou por cerca de 20 minutos sobre o mal de alzheimer, fala que foi gravada em um aparelho de MP3. Abaixo reproduzimos a gravação:

parte 01 - http://www.youtube.com/watch?v=xfsfbAoG5-k
parte 02 - http://www.youtube.com/watch?v=EOm9iZYi_TQ

Atualmente, com a mediunidade educada, libertou-se do quadro depressivo que a acompanhou por vários anos. Esta mulher tem duas graduações (biologia e direito), o que invalida a tese de que apenas as pessoas ignorantes se envolvem com a mediunidade. Ela atua em um centro de umbanda da cidade e também em um grupo de apometria, colocando, hoje em dia, sua mediunidade a serviço do próximo.

mediunidade, educação especial e cidadania

Apesar da grande difusão que a mediunidade encontrou no Brasil, graças, obviamente, a figura carismática de Chico Xavier, ainda é significativo o número de pessoas que manifestam traços ostensivos de mediunidade, mas que, ao invés de encontrar o apoio necessário para educar esse potencial psíquico, acabam diagnosticadas como doentes mentais. Está na hora da mediunidade ser estudada na chamada Educação Especial e ser garantido, ao médium, sobretudo quando ainda criança, o direito de receber o aendimento adequado.

Quase todas as crianças possuem seus "amigos imaginários". Isso não é problema e a Psicologia não interpreta o fato como algo negativo. Porém, algumas crianças possuem verdadeiros "inimigos imaginários" e aí começa o sofrimento.

Vou narrar o caso de uma criança de 8 anos na época em que sua avó nos procurou para ajudá-lo (2009). O menino dizia estar sendo ameaçado de morte por um espírito e não queria mais dormir em sua casa e nem ir à escola. Seu refúgio passou a ser a casa da avó, aluna da Universidade Aberta da Terceira Idade. Fomos conhecer o menino e ele narrou que costuma ver um homem saindo de um cemitério e voando até a casa dele. Ele entrava na casa, se dirigia até a cama do menino e o ameaçava de morte. Apenas na casa da avó ele não entrava, daí o menino não querer sair de lá.

Conversando com a avó descobrimos que ela era católica praticante e orava frequentemente, o que não acontecia com os pais do menino. Ou seja, podemos compreender que a casa da avó possuia uma proteção espiritual, ou seja, uma vibração energética (psicoesfera) que impedia a aproximação daquele ser incorpóreo. Em suma, era graças à Fé daquela senhora que a casa gozava de uma proteção especial, transformando-se no refúgio daquela criança.

Conversei com a avó se ela aceitaria uma ajuda espiritual. Com sua concordância, indiquei um centro espírita de confiança e segundo fui informado, o espírito que o ameaçava foi esclarecido e aceitou se afastar da criança e o menino teve sua vidência momentaneamente fechada. Ou seja, quando ele estiver com mais idade e em condições de compreender melhor os funcionamentos da mediunidade, ela eclodirá novamente.

É importante ressaltar que não estamos diante de uma criança de 8 anos, mas de um espírito eterno, com várias experiências ou reencarnações. Dessa forma, o mesmo pode ter inimigos espirituais que, ao localizá-lo em um novo corpo, passam a cobrar os débitos de outras existências.

Felizmente, segundo a avó, o menino voltou a estudar e as visões assustadoras realmente desapareceram. E não foi necessário tomar nenhum remédio, apenas um atendimento espiritual feito com seriedade e responsabilidade.

Um outro final poderia ter tido a história se a avó, ao invés de procurar o auxílio espiritual, fosse a um  médico "competente". O risco do menino ter sido tachado de esquizofrênico e ter seu organismo intoxicado de drogas seria alto, sem contar o risco de ser internado para tratar as "alucinações".

Esta mais do que na hora da mediunidade ser compreendida cientificamente. A Educação Especial precisa se capacitar para atender crianças que vivenciam experiências como a descrita acima e não deixem de frequentar a escola. O médium, principalmente, na infãncia, precisa ter o direito de ser atendido de forma digna por pessoas capacitadas para compreender quando os problemas espirituais e religiosos surgem no ambiente escolar, recebendo a orientação adequada, assim como a família e as possíveis companhias extra-corpóreas.

domingo, 12 de dezembro de 2010

saúde mental, mediunidade e educação: quando a emergência espiritual ocorre na sala de aula


Recentemente o país acompanhou o caso fictício de Ricardo Aguillar, personagem interpretada por Humberto Martins, na novela “Escrito nas Estrelas”, de Elisabeth Jhin, cujo último capítulo foi ao ar no dia 24 de setembro de 2010.  A novela retratou a "emergência espiritual" da personagem, eclodida com a morte de seu filho Daniel, interpretado pelo jovem ator Jayme Matarazzo.
A "emergência espiritual" se caracteriza por uma crise, normalmente, eclodida após uma vivência emocional profunda. No caso da novela, após a morte do filho, Ricardo Aguillar começou a acessar lembranças de uma suposta vida passada, em uma cidade espanhola. Apesar de fictício, este fato é mais comum do que se imagina. Outras pessoas, quando vivenciam uma "emergência espiritual", começam a ver e ouvir espíritos, saem do corpo (projeção astral), entre outras possíveis experiências. Infelizmente, nem todas que vivenciam esse processo tem a mesma sorte da personagem. Devido ao fato da Universidade ainda não aceitar a dimensão espiritual em suas pesquisas, quem relata tais experiências é, com frequência, diagnosticada como doente mental, como esquizofrênica, e acaba sendo internada em hospitais onde é (mal)tratada com  drogas, choques etc.


Em 2010, entrevistamos um senhor de 70 anos de idade, frequentador da Universidade Aberta da Terceira Idade, na cidade de São Carlos/SP, onde participa do programa de "revitalização de idosos", um programa de atividade física, realizado em parceria com a Universidade Federal de São Carlos. A história de vida desse senhor é bem elucidativa. Ele nos diz o seguinte:

“Desde a minha infância eu vejo espíritos. Por volta dos sete anos de idade, quando eles se aproximavam de mim eu perdia o controle do meu corpo físico. Isso acontecia em casa e também na escola. Eu fui diagnosticado como sendo portador de “ataque epiléptico”. Eu sabia que não era doença, mas não sabia como explicar para a minha família e para os professores. Quando eu completei 9 anos de idade começaram os 'desdobramentos'. Começava um formigamento no topo da cabeça e, sem que eu tivesse controle, eu saía do meu corpo e via tudo o que acontecia ao meu redor. O meu corpo ficava inerte, como se eu fosse vítima de catalepsia, mas estava consciente, vendo e ouvindo tudo o que acontecia. Via meus familiares, via os médicos, via tudo... Eu queria dizer para as pessoas que eu estava bem, mas não conseguia falar ou mexer o corpo. Eu fui rotulado de esquizofrênico, mas tive sorte de não ser internado".

Esse senhor afirma que muitos anos depois, já adulto, é que educou a mediunidade em um centro espírita.  Ele teve que procurar ajuda sozinho, pois não tinha nenhum apoio da família.

Normalmente, quando a família segue uma orientação religiosa que não aceita a mediunidade, maior é a probabilidade de sofrimento da criança, pois, dificilmente, aceitará a orientação para procurar um local que possa ajudá-la a lidar de forma saudável com a situação.

Em todas as culturas, não importa o tempo e o espaço, há o registro de pessoas que afirmam ver e ouvir os espíritos, assim como aquelas que "cedem" o corpo para a manifestação de seres incorpóreos. Até mesmo na Biblia há o registro da manifestação do espírito de Samuel, já morto, para conversar com o rei Saul, através de uma pitoniza. Porém, é importante salientar que o DSM - 4 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana) deixou de enquadrar como patológico os chamados casos de "possessão espiritual".

No âmbito científico, a abordagem que mais consegue se aproximar dos problemas religiosos e espirituais é a Psicologia Transpessoal, que acredita na existência de uma pulsão no sapiens para expandir sua consciência, atingindo outros níveis de percepção. Assim, transcendendo as fronteiras do ego, o nível transpessoal seria capaz de abarcar fenômenos como a telepatia, a precognição, as diferentes formas de mediunidade (ou contato com seres incorpóreos)  e até lembranças de supostas vidas passadas, como salientado acima, no início deste artigo.

Reconhecer que a mediunidade é um fenômeno espiritual, registrado em todas as tradições culturais, sem relação necessária com as religiões, é um primeiro passo para ajudar as pessoas que despertam esse potencial psíquico. Ela pode eclodir na vida de uma pessoa em qualquer faixa etária, independentemente de sua classe social, grau de escolaridade e religião.  Obviamente que a mediunidade, quando não é educada e compreendida de forma adequada, pode sim derivar em transtornos mentais e emocionais, e até comportamentais, o que não significa que a pessoa seja esquizofrênica, louca ou “tomada pelo demônio”. Por isso, aceitar o fenômeno, estudar e compreender os seus limites e possibilidades, é impórtante para que a mediunidade seja vivenciada de forma sadia, transformando-se em uma agradável companheira de viagem para aqueles que disponibilizam o seu tempo, amorosamente, no auxílio ao próximo, como acontece, felizmente, com esse senhor que, na infância, teve seus estudos prejudicados pela incompreensão dos trabalhadores da sáude e da educação, e também da própria familia.

Alguns textos que podem ser úteis para quem vivencia experiências similares a deste senhor:

ASSIS, Denise. A influência da espiritualidade na saúde física e mental. III Simpósio Internacional sobre Religiosidades, Diálogos Culturais e Hibridações. UFMS: Campo Grande, 2009.

MARQUES, Adilson. Fragmentos da história oculta de São Carlos e outros assuntos transcendentais. BN Editora: São Carlos, 2007.

_____________. História Oral e Transcendentalismo: imagens e imaginário do invisível. III Colóquio Internacional Imaginário, Educação e Utopia. UFF: Niterói, 2009.

MELO, Alex Leite Melo e MOREIRA, Leila Dittmar. Estados alterados de consciência, percepções extra-sensoriais e mediunidade: percepções que agravam o curso das doenças mentais?. III Simpósio Internacional sobre Religiosidades, Diálogos Culturais e Hibridações. UFMS: Campo Grande, 2009.