terça-feira, 21 de julho de 2015

O conceito de qualitum e a relação ciência e espiritualidade


Os cientistas mais ortodoxos têm razão ao ironizar e desqualificar as tentativas de relacionar a física quântica com a espiritualidade. Capra iniciou esse processo quando defendeu a hipótese que o chamado "vazio quântico" corresponde ao Tao, à Brahman ou à "realidade última". Essa tese é facilmente refutada se atentarmos que o Tao Te Ching traz como ensinamento que tudo aquilo que pode ser concebido pela mente humana não é o Tao, logo, afirmar que o "vazio quântico" corresponderia ao Tao seria um equívoco.
E outros autores vão propor uma relação entre física quântica e espiritualidade a partir de uma interpretação também equivocada da famosa experiência da dupla fenda, na qual o elétron se comporta como onda e, ao ser medido, se comporta como partícula. Essa experiência foi de fundamental importância para demonstrar que a objetividade proposta no método científico de Newton não se aplica aos sistemas quânticos, pois, o instrumento utilizado para fazer a medida, interage com o elétron. Porém, autores diversos, interpretam que é o olho humano que faz esse processo acontecer. E vão além, afirmando por exemplo que, se o olho humano faz a onda entrar em colapso se transformando em partícula, o que não faria a nossa consciência. Essa hipótese foi testada na década de 1940 por um grupo de parapsicólogos e a pesquisa se mostrou inconclusiva, não dando para afirmar se a mente influenciava na trajetória dos elétrons ou se esses se comportavam de maneira casual. Enfim, não há evidências que a mente humana influencie no comportamento dos elétrons. E se lembrarmos que mesmo Einstein, criador da teoria da relatividade, afirmou que a velocidade da luz é constante e a luz é um fenômeno quântico, poderíamos constatar que cada pessoa seria capaz de criar para a luz uma velocidade particular, fazendo com que ela se a adaptasse/mudasse conforme o interesse de cada um se a mente humana tivesse esse poder de mudar um sistema quântico.
Assim, se a relação entre ciência e espiritualidade não parece se dar pelas experiências no campo da física quântica, não podemos menosprezar a existência da energia psíquica, estudada em profundidade por C. G. Jung, que, inclusive, acompanhou todo o desenrolar da física quântica e afirmou, em um de seus livros, que a energia psíquica (pensamento e emoções) não pode ser quantificada, mas pode ser sentida em sua intensidade e pode ser qualificada. E se a energia psíquica e também a noética (da imaginação e do espírito) não são capazes de influenciar os elétrons e átomos, há evidências que elas podem influenciar as células do nosso organismo, podendo, em tese, gerar enfermidades ou, quando o corpo está enfermo, auxiliar em sua renovação celular, promovendo uma recuperação da saúde.
Segundo especialistas, uma célula é composta por milhões de átomos e, ao se decompor, ela libera estes átomos que vão se unir/agregar na formação de outro elemento material, não necessariamente um corpo humano. E a energia ou campo capaz de mantém os bilhões de células unidos para manter integrado nosso corpo físico vamos identificá-la como sendo o qualitum. Esta energia é resultante das forças psíquicas e espirituais (noéticas). Como salientamos, ainda não temos como medir essa energia, mas como afirmava Jung é possível sentir sua intensidade e qualificá-la e até estudar o efeito dela em nossa constituição física (efeitos psicossomáticos) e também no domínio das emoções e dos pensamentos por nossa sensibilidade espiritual (noética). É por esse viés que podemos começar a trabalhar seriamente a relação ciência e espiritualidade, uma vez que, átomos, elétrons, glúons ou quarks não ficam doentes e não parecem ser afetados por nossa energia psíquica ou espiritual.

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