Cultura de Paz e Mediunidade no XIII Simpósio Nacional de História das Religiões

Devagarinho, passo a passo, vamos conquistando a academia. Segue o resumo do trabalho que foi aprovado para o evento que acontecerá em maio, em São Luiz:

Em 1999 foi criado em São Carlos o projeto Homospiritualis cuja primeira ação foi a organização do Centro de Estudos e Vivências Cooperativas e para a Paz, um espaço cultural voltado para a difusão dos valores da Cultura de Paz, seguindo as orientações da UNESCO. Em 2001, através de 2 médiuns kardecistas, a mediunidade foi inserida no projeto e 7 pesquisas foram realizadas utilizando os recursos da História Oral, sendo 6 com os supostos espíritos e a última coletando informações sobre a história de vida de médiuns residentes nas cidades de São Carlos, Araraquara e Ribeirão Preto. Entre os anos de 2003 e 2010 os dados foram coletados e organizados e, a partir de 2011, foram editados na coleção de livros Cultura de Paz e Mediunidade. Entre os temas abordados nos livros estão: a visão dos supostos espíritos sobre as terapias complementares, sobre a Umbanda, sobre as psicosofias orientais (ensinamentos de Lao-Tsé, Krishna e Buda), entre outros. 
Apesar de ter utilizado a História Oral para entrevistar supostos espíritos, o projeto Homospiritualis por ter sido criado por pessoas das mais diferentes religiões, não tem uma posição formada sobre o fenômeno, aceitando apenas que "alguém" fala através dos médiuns, e é esse "algúem" que foi entrevistado, não importando, no momento, se é a "alma" de um morto, o "demônio", o inconsciente do médium ou outro processo psíquico qualquer. Entre as pesquisas realizadas e transformadas em livro se destaca a "História Oral, Imaginário e Transcendentalismo: mitocrítica dos ensinamentos do espírito pai Joaquim de Aruanda", um "preto-velho que foi entrevistado entre os anos de 2005 e 2008 e que se manifesta através do médium Firmino José Leite. Foram 32 horas de entrevistas, todas gravadas em vídeo, e o suposto espírito transmite sua visão sobre a Umbanda, o Espiritismo, o Budismo e outros assuntos espiritualistas, como a caridade e o ecumenismo. Vários trechos das entrevistas podem ser acessadas no youtube, no canal do projeto homospiritualis em: www.youtube.com.br/homospiritualis.
O discurso do suposto espírito foi interpretado através da mitocrítica, heurística criada por Gilbert Durand. 
O projeto Cultura de Paz e Mediunidade valorizou o princípio 4 do manifesto 2000 e que fundamenta a proposta da UNESCO: ouvir para compreender.
Provavelmente, este projeto foi uma das poucas experiências sobre a mediunidade, realizada sem finalidade doutrinária ou voltada para o proselitismo religioso. O fenômeno foi utilizado para a coleta de dados, ou seja, a opinião dos supostos espíritos sobre algum tema proposto pelo grupo de pesquisa. Os médiuns que participaram da experiência são, em sua maioria, classificados pelo espiritismo como "médiuns inconscientes", ou seja, que não se lembram do que falaram ou fizeram durante o transe.