Na
internet, em livros e revistas lemos, com frequência, artigos afirmando que a
física quântica comprova a reencarnação, que a mente cria a matéria e a
transforma, que existe o plano akashico, que o prâna e a kundalini seriam
energias quânticas etc. Tais informações carecem de base científica e, muitas
vezes, vão de encontro às principais psicosofias (sabedorias espiritualistas).
Sem falar do charlatanismo, cujo objetivo é vender mantos, amuletos e outros
objetos materiais afirmando que os mesmos são construídos com base na física
quântica. É preciso deixar claro, para início de conversa, que a mecânica
quântica não se relaciona com o tema espiritualidade e nem, ao menos, com a
consciência.
A
física quântica se resume ao estudo do mundo subatômico, no qual o método
científico newtoniano não é suficiente para explicá-lo. Uma das bases da física
quântica é a impossibilidade de medir a velocidade e o momentum (tamanho,
direção e localização) de um elétron. No universo macroscópico, onde a vida
cotidiana acontece, isso é possível com praticamente todos os objetos o que
permite, por exemplo, enviar com precisão um foguete para a Lua ou encaçapar
uma bola de bilhar. Porém, no universo subatômico, quanto mais se conhece a
velocidade de uma partícula, menos saberemos sobre o seumomentum e
vice-versa. Por isso, é preciso fazer escolhas metodológicas, definindo o que
será observado. E mesmo o resultado dessa observação nunca será preciso, como
no caso da posição de Marte em relação à Terra daqui a 20 anos. No universo
subatômico será necessário se trabalhar com probabilidades, o que impede
qualquer determinação precisa do que acontece com as partículas naquele reino da
natureza.
O
fato da física quântica não trabalhar com consciência, com espiritualidade
(aliás, o grande refrão dos espiritualistas é que não existe o acaso. E, por
acaso, é justamente o acaso que a física quântica enfatiza) e valorizar o acaso junto com a
ideia de indeterminação levou Einstein a afirmar que a teoria seria incompleta
pois "Deus não joga dados").
Mas
a probabilidade de existir vida após a morte, reencarnação, comunicação com
espíritos etc. é alta. Há inúmeras evidências empíricas que apontam para a existência
desses fatos. Mas, nenhum desses assuntos, são tratados pela física
quântica.
Pode
ser que um dia o tema espiritualidade ou transcendentalismo ganhe, de fato, um
cunho científico. Mas, ainda hoje, essa ponte entre a ciência e a
espiritualidade é realizada através de relatos mediúnicos e da clarividência,
dois métodos de estudos que não são científicos. E, a partir deles, é possível
formular algumas hipóteses sobre a relação matéria - energia - espírito, mas é
preciso saber diferenciar o que é uma hipótese, um pressuposto teórico ou mesmo
uma teoria sobre a possível relação ciência/espiritualidade das afirmações
pueris que encontramos rotineiramente afirmando que a física quântica comprovou
a reencarnação ou outro fato espiritualista.
Dentro
dessa perspectiva, vamos apresentar uma hipótese de trabalho que parte de um
pressuposto básico: a existência de uma energia não medida ou quantificada que
vamos chamar de qualitum e que se origina do Sol, apesar de
não ser material (quantizada). Em alguns momentos ela se torna visível na
atmosfera, constituindo-se no que a teosofia chama de "glóbulos de
vitalidade".
Esta
energia que estamos chamando de qualitum não cria a matéria,
mas há indícios que ela vitaliza os átomos materiais, sobretudo os que formam
os corpos orgânicos. E a atmosfera está saturada de glóbulos de
vitalidade. O nosso corpo físico absorve essa energia quando está relaxado e
também através do sono, resultando na sua revitalização. Mas é
interessante assinar o poder da vontade na manipulação do qualitum.
Podemos, usando conscientemente o nosso pensamento, manipulá-lo de forma a
nos proteger de energias mentais e emocionais "mórbidas", de
"vampiros" e de outras "energia negativas". Como também
atraí-lo em grande quantidade, como acontece com a prática do Tai Chi Chuan, da
Yoga ou da meditação.
Os
glóbulos de vitalidade também chegam ao nosso organismo através do alimento e
da água. Quanto mais saudáveis e naturais, mais quantidade de qualitumabsorvemos.
E os átomos presentes na constituição de nosso corpo físico, quando são
esvaziados de qualitum, se tornam iguais aos outros que
formam, por exemplo, uma cadeira.
Assim,
o prâna (e consequentemente os glóbulos de vitalidade) não são quânticos, mas
qualificam (vitalizam) os átomos. E o mesmo podemos dizer da Kundalini, uma
energia que depende para ser despertada, de forma sadia e plena, da vontade e,
sobretudo, da força moral. Esse fato já demonstra que a kundalini também não é
uma energia quântica, pois, se fosse, a cadeira também seria capaz de despertar
a kundalini. Esse despertar é fundamental para que ocorra a integração do ego
(eu inferior) e o Self (eu superior).
A
Teosofia também defende que a energia física (quântica) é diferente do prâna e
da kundalini e afirma que não tem como uma se converter em uma outra. E sem o
despertar da kundalini não haveria comunicação consciente entre o plano físico
e o astral.
Essa
introdução é uma tentativa de construir um referencial teórico que, de fato,
permita uma interface da ciência com a espiritualidade, pressupondo a
existência de uma outra energia, o qualitum, que não entra na
composição do átomo físico, mas que é capaz de vitalizar os átomos, sobretudo,
os presentes nos corpos orgânicos. Em um outro artigo vamos buscar demonstrar o
papel do pensamento e das emoções neste processo.
São
Carlos, 23 de abril de 2015
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