A fundamentação da cura
quântica, proposta do médico indiano Deepak Chopra é baseada em uma
interpretação equivocada da experiência da "dupla fenda", na qual se
procura detectar por qual fenda um elétron passaria. Devido a esse equívoco,
muitas pessoas escrevem que "A física quântica já comprova que o
observador faz com que o elétron modifique seu comportamento, de onda para
partícula."
Essa citação acima foi
retirado de um site sobre cura quântica, mas aparece nos livros do Deepak
Chopra e de autores brasileiros como Lauro Trevisan. Porém, ela induz a um erro
crasso. Não é o observador que modifica o comportamento do elétron, mas o instrumento
usado para observar.
Vejamos o que de fato
acontece, nessa citação de Niels Bohr, retirada de seu livro Física atômica e
conhecimento humano: "O reexame do próprio problema da observação nesse
campo, iniciado por Heisenberg, um dos principais fundadores da mecânica
quântica, evidenciou pressupostos até então desconsiderados para o uso
inambíguo até mesmo dos mais elementares conceitos em que repousa a descrição
dos fenômenos naturais. O aspecto crucial, neste ponto, é o reconhecimento de
que qualquer tentativa de analisar, à maneira habitual da física
clássica, a 'individualidade' dos processos atômicos, condicionados pelo
quantum da ação, é frustrada pela inevitável interação dos objetos atômicos em
exame com os instrumentos de medida indispensáveis para esse fim."
Em outras palavras, afirmar
que o observador interfere na medição, refere-se à interação descrita acima e
não o fato de alguém observar. Aliás, é preciso levar em consideração
que ninguém observa um átomo a olho nu. Para que pudéssemos ver um átomo,
com o seu núcleo e sua eletrosfera, o átomo teria que ter o tamanho aproximado
de um prédio de 16 andares. E, nesta escala, o núcleo seria como um grão de
areia. Por isso, ele é observado de forma indireta através de complexos
aparelhos que interferem no comportamento do elétron.
Porém, os adeptos da cura
quântica demonstram desconhecer esse fato, acreditando que é o ato fisiológico
de olhar para o elétron que faz com que ele mude de comportamento, como se pode
notar na frase abaixo, retirada do mesmo site:
"Mas é apenas nossos
olhos que interferem, ou podemos ir a um ponto mais profundo, nossa
consciência, que em infinitas probabilidades, faz com que apenas uma se
manifeste?"
Fica explícito na frase que
esse adepto da cura quântica ignora a relação entre o instrumento de medição e
os elementos quânticos, acreditando que é o olho que interfere no processo.
Assim, se o olho interfere, a consciência também deveria interferir.
Vamos deixar essa outra
questão para um outro artigo, quando iremos abordar diferentes pesquisas
realizadas por parapsicólogos que tentando verificar se a força do pensamento
interferia no movimento dos elétrons, chegaram a um resultado inconclusivo. Ou
seja, deixar os elétrons se movimentar ao acaso ou tentar direcionar seu
movimento com o pensamento não resultou em dados estatísticos que pudessem
evidenciar a força do pensamento neste processo.
Enfim, a afirmação que a
física quântica comprova que a mente cria a matéria ou a modifica, no caso dos
sistemas quânticos, é facilmente refutável. Outra coisa, porém, é a força das
emoções sobre as células, podendo afetá-las negativamente. Neste caso, há mais
evidências demonstrando como a força do pensamento e das emoções, as energias
psíquicas, afetam o corpo físico. Mas, é importante esclarecer, as células não
fazem parte dos sistemas quânticos.
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