sábado, 17 de novembro de 2012

Um ponto de luz no meio do caos e da violência


Os meios de comunicação não param de mostrar a violência urbana. E no meio de tanto caos, alguns moradores de São Carlos preferiram viver  quatro dias de muita harmonia, tolerância e paz interior durante o XI Encontro Ecumênico de Educação e Cultura para a Paz, que este ano teve atividades em 3 locais da cidade: na Oficina Cultural Sérgio Buarque de Holanda, na Biblioteca Municipal Amadeu Amaral e no Espaço Sete.
A abertura do evento recebeu como convidado para falar sobre sustentabilidade o cacique Ubiratã, da aldeia bananal, em Peruibe/SP. Ele falou do projeto que sua aldeia colocou em prática para se auto-sustentar estimulando a plantação e o consumo da Jussara, uma planta típica da mata atlântica que tem o consumo do seu palmito proibido, mas que poderia ser utilizada através do consumo de sua fruta, substituindo o Açaí. A ideia da tribo é, em médio prazo, produzir polpa de Jussara para a comercialização. O que falta, no momento, seria um incentivo por parte do poder público e parcerias com instituições que estimulem o consumo da Jussara, pelo menos no Estado de São Paulo.
Desde 2009, o tema sustentabilidade vem recebendo destaque nos encontros ecumênicos, uma vez que este é um dos princípios básicos do Manifesto 2000 da UNESCO. Porém, evitando sempre confundir uma real proposta de sustentabilidade, como esta que a aldeia bananal vem tentando realizar com o marketing ecológico, como muitas empresas fazem.
E antes da palestra, o grupo de dança Yala Bina, de São Carlos/SP, que há dez anos realiza um belo trabalho de valorização da dança do ventre e da cultura árabe, abrilhantou o evento com várias coreografias.
O  dia 16, segundo dia do evento, foi um momento de confraternização e de celebrar a vida também com muita dança. O grupo de dança Fernanda Simões abriu o dia com duas coreografias e, em seguida, Nara Vieira e Jussara Ruas realizaram, respectivamente, uma vivência com danças circulares e com mantras.
O dia 17, sábado, concentrou as reflexões. Pela manhã, um grupo de 11 pessoas se reuniu para ler e discutir o projeto de lei apresentado recentemente pelo vereador Robertinho Mori (PV) na câmara municipal. O grupo gostou do conteúdo do projeto, fazendo apenas algumas ressalvas e sugerindo as seguintes mudanças:

1 - No artigo primeiro, a proposta afirma que o Conselho ficaria sob o âmbito da Secretaria Municipal da Educação e também da Coordenadoria Municipal de Arte e Cultura. O grupo reunido sugere que o conselho fique sob o âmbito de apenas um órgão público e não dois e sugere que o mais adequado seria a Coordenadoria Municipal de Arte e Cultura.

2 - No artigo segundo, o grupo sugere uma mudança na redação da segunda atribuição do Conselho, sugerindo que a redação seja a seguinte:

II - Formular as políticas e planos visando à promoção da diversidade religiosa no município, visando sua participação no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa (21/01), no dia municipal da Cultura e da Paz, e em outras datas significativas que ajudem a valorizar a diversidade e a tolerância religiosa no município.

3 - No artigo terceiro, que descreve a composição do conselho, o grupo reunido apresenta a seguinte proposta de redação:

Art. 3º. Para O Conselho Municipal da Diversidade Religiosa serão convidados a participar pelo Executivo Municipal:
1. 3 membros escolhidos pelo Prefeito Municipal;
II. 2 membros das religiões, filosofias ou doutrinas espiritualistas de matriz judaico-cristãs, incluindo o espiritismo;
III. 2 membros das religiões, filosofias ou doutrinas espiritualistas de matriz afro-brasileira, incluindo as indígenas e as doutrinas ayahuasqueiras;
IV. 2 membros das religiões, filosofias ou doutrinas espiritualistas não-cristãs, não representadas acima, e com grupos constituídos formal ou informalmente no município de São Carlos;
V. 1 membro da Secretaria Municipal da Cidadania e Assistência Social;
VI. 1 membro da Secretaria Municipal de Educação;
VII. 1 membro da Secretaria Municipal de Cultura.

O grupo reunido sugere ainda que a promulgação da lei pelo Prefeito seja realizada no dia 30 de novembro do corrente ano, exatamente um ano após a instalação do Comitê Nacional da Diversidade Religiosa, pela ministra Maria do Rosário.

Ainda no sábado, os professores Adilson Marques e Ney Vilela fizeram palestras sobre tolerância religiosa. O primeiro abordou o diálogo inter-religioso que deu origem à proposta da Animagogia, a prática educativa que o Projeto Homospiritualis realiza desde 2003, integrando os ensinamentos de Lao-Tsé, Krishna, Buda, Jesus e Espírito Verdade; por sua vez, Ney Vilela abordou a origem do povo Judeu e palestino e a importância religiosa da cidade de Jerusalém possui para os dois grupos.
E o domingo marcou o encerramento do XI encontro com uma apresentação majestosa de Marcus Santurys e Cris Saphyra, com o espetáculo Masala Índia Brasil. Um momento para ficar eternamente gravado na alma de quem esteve presente. 

Grupo Yala Bina, que se apresentou na abertura do encontro


Vivência de mantras sagrados com Jussara Ruas


Alguns dos participantes nas palestras sobre tolerância religiosa, no dia 17 /11.


Alguns dos presentes na reflexão sobre o projeto de lei que cria
o Conselho Municipal da Diversidade Religiosa, no dia 17/11.

Veja mais fotos no facebook, clicando aqui
Confira a brilhante apresentação de Marcus Santurys e Cris Saphyra no youtube, encerrando o XI Encontro Ecumênico de Educação e Cultura para a Paz, um evento que valoriza há 12 anos a diversidade religiosa, os direitos humanos e a sustentabilidade na cidade de São Carlos/SP.

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