sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

reflexões sobre os ensinamentos de Buda


Adilson Marques - asamar_sc@hotmail.com

Pergunta - como podemos entender espiritualmente os 8 nobres caminhos, que formam o chamado "caminho do meio"?
Resposta - Para uma compreensão universal deles, e usando as referências que vocês têm, podemos dizer o seguinte:
1 - compreensão correta - significa compreender que Deus é a causa primária de todas as coisas, atuando na vida de todos os seus filhos através da lei do carma. Mas não estamos falando da concepção de Deus como um carrasco que pune e castiga e nem de um ser egocêntrico que dá prêmios para os seus queridinhos. Por ser apenas bondade e amor, crou a Lei natural do carma que processa de forma inexorável as colheitas de cada um de acordo, apenas, com o que cada um plantou. Por isso, nesse exato segundo você está, ao mesmo tempo, colhendo o que plantou no passado e semeando o que vai colher no futuro. Por isso, podemos dizer que a compreensão correta também significa aceitar que somente o presente é real e este deve ser vivenciado com sabedoria e compaixão.

2 - Pensamento correto - hoje está mais popularizado o valor do pensamento positivo. Hoje sabemos que o pensamento é criador de realidades. Assim, o pensamento correto é aquele que vai a favor de um fluxo energético e não contra. E aqueles que tem a compreensão correta vão pensar na paz e não na violência; no valor positivo da honestidade e não na desonestidade. Mesmo a pessoa que foca sua vida lutando contra a violência, achando que está fazendo algo correto, inconscientemente alimenta mais violência no mundo. O foco de seu pensamento é a violência, não importa se você é a favor ou contra. Por isso, pensar corretamente é pensar na paz, na harmonia, na saúde, na benevolência, pensando sempre em fazer ao outro aquilo que você gostaria que o outro fizesse para você.

3 - palavra correta - Se o pensamento tem energia, o que dizer da palavra expressada. Jesus já dizia que o problema não é o que entra, mas o que sai da boca do homem, referindo-se ao poder criador ou destruidor das palavras. Uma palavra pode ser muito mais ferina do que uma agressão física. Por isso, quem tem uma compreensão correta e pensa corretamente, também vai se expressar corretamente, usando sempre palavras afetuais, positivas, que unam e não que separem, que resolvam pacificamente conflitos. Por mais "errada" que seja a ação do outro, não o critique, não o julgue, não expresse palavras com energias negativas sobre a pessoa. Fazer isso é como jogar mais lenha na fogueira. Todo o mal tem origem no egoismo e só é eliminado pelo amor, expressado na forma de pensamentos ou de palavras corretas.

4 - Ação correta - Dentro dessa mesma linha interpretativa, agir corretamente é ser sempre amoroso, benevolente, perdoar as ofensas, ter empatia e compaixão por todos, amigos ou inimigos, vítimas ou algozes. Como sempre salientamos, estamos falando na atitude, pois mesmo uma ação enérgica exterior pode ser praticada com amor no coração.

5 - Meio de vida correto - Todos nós antes de mais uma encarnação escolhemos um gênero de provas, assim, o meio de vida correto engloba os itens anteriores e nos faz vivenciar nossas provações sempre com honestidade, verdade, humildade, caridade e não vendo aquele que foi o escolhido para ser o instrumento de um carma negativo como "inimigo", mas como um grande amigo que Deus colocou em nosso caminho para nos exercitar no Bem.

6 - Esforço correto - Este se resume em canalizar todos os nossos desejos para apenas um: integrar-se plenamente em Deus. Ou seja, viver plenamente feliz nossa aventura encarnatória. Por isso, mesmo que em algum momento a dor seja necessária ou faça parte de nossas provações, o sofrimento é sempre opcional.

7 - Correta reflexão - Consiste em sempre orar e vigiar. Mas não falamos em vigiar a vida alheia, mas os  próprios pensamentos e sentimentos de forma a não ser surpreendido pelos cinco candas (agregados) que formam o ego e sofrer quando algo desagradável acontece e nem ficar eufórico nos momentos de prosperidade. Lembrar sempre que as formas materiais não tem substancialidade e são impermanentes, da mesma forma como são ilusórias as sensações, as percepções e as formações mentais que infernizam nossa vida como espíritos humanizados.

8 - correta introspecção - Compreendendo e colocando em prática, na forma de atitudes, os 7 nobres caminhos acima, o último representa o controle pleno da mente, de forma que a pessoa é capaz de agir sempre com equanimidade, sabedoria e compaixão diante de qualquer criatura virtuosa ou viciosa, nobre ou delinquente, em toda e qualquer circunstância, agradável ou desagradável.

Pergunta - Apesar da resposta acima focar sempre na atitude, ou seja, na ação sentimental, uma vez que o ato seria regulado pela Lei do carma, Buda também fala de atos quando se refere às 5 virtudes: Não destruir a vida; não roubar; não cometer adultério; não mentir e não intoxicar-se com bebidas ou drogas, não é mesmo?
Resposta - se focarmos com mais atenção, podemos dizer que aqui também a ênfase é na atitude e não no ato. Vou explicar. Por exemplo, um espírito pode pedir como prova vencer a tentação de mentir ou de ser um viciado em bebidas alcoólicas. Se o pedido dele for aceito, ele precisa nascer com um ego, uma programação genética ou crescer em um ambiente que estimule a tentação que ele precisa vencer. E Deus sabendo se ele vai vencer ou não, e quando será essa vitória, vai utilizá-lo também como instrumento para as provações dos outros. Ou seja, enquanto ele for propenso a mentir, vai enganar aquele que tem merecimento negativo para ser enganado. A ação dele não pode afetar o gênero de provas de um outro espírito humanizado. E o espírito que passa por esse tipo de provação ao ouvir que é errado matar, enganar etc. terá um estímulo para vencer a prova. A misericórdia divina age dessa forma. Ela não afasta a prova, mas traz elementos que podem ajudar a superá-la Assm, mesmo que pareça que Buda esteja falando de atos, continua falando em atitudes: ter a vontade e a intenção de não matar ou de mentir para fortalecer o espírito e este vencer o ego, programado, justamente, para fazer o contrário: ter vontade de matar ou de mentir. Mas é preciso nunca se esquecer da "compreensão correta" que, como dissemos, é compreender que Deus é a causa primária de todas as coisas, agindo através da Lei do carma. Portanto, ninguém será enganado se não merecer, se não tiver que expiar o fato de ter enganado outros no passado.

trexo extraído do livro "A psicosofia de Lao-Tsé, Krishna e Buda segundo a espiritologia", previsto para ser lançado no dia 17 de março de 2012 na II Jornada de Educação e Espiritualidade de São Carlos. O livro encerra a coleção Cultura de Paz e Mediunidade e é baseado em entrevistas com prováveis espíritos, realizadas através das técnicas de História Oral com médiuns que residem em São Carlos/SP, questinando os "seres incorpóreos" sobre os ensinamentos dos livros Tao Te Ching, Bhagavad Gita e Darmapada.

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